segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

O anjo

Ela era daquelas garotinhas meigas e cheias de rosa. Na bochecha, nas unhas, até no coração, se possível: quase tudo rosa. Cabelo pintado de um leve ruivo, puxando pro laranja mesmo. Estatura mediana, idade avançada – mas só a fisiológica. Tudo bem, ela era inteligente... Tinha seus quase 30 anos, mas era ingênua em certas coisas.

Casou com o homem dos sonhos. O sapo, o príncipe, o Brad Pitt. Ou, pra quem quiser, o Thiago Lacerda. Ou até... não, chega! O fato é que, como em todo casamento, a coisa foi ficando feia. Não falo no sentido literal, de que o marido foi ficando velho, feio e a pele murchando, pegando carona com a paciência. Não, não. No casamento, as coisas sempre pioram.

Há quem diga de boca cheia: “Ah, mas eu acho tão lindo aqueles velhinhos juntos até morrerem! Tá vendo aquele casal, amor? Olha! Ela não para de falar com ele”. E sempre há um gaiato que diz: “Aquela porra daquele velho deve ser surdo ou ter mal de Alzheimer!” – sempre às risadas também. Como os homens são insensíveis... Sempre fomos e sempre seremos. Pra que se exaltar por pouca coisa?

A questão é: as pessoas não param quietas. Sempre querem mais. Palavra! É incrível como a gente tem algo e julga querer outra melhor (mesmo ela não sendo, de fato). O grande filósofo do humor, Rafinha Bastos, disse outrora: “A gente nunca tá satisfeito. Quando estamos solteiros, queremos casar. Quando casamos... queremos morrer!”.

Engraçado mesmo (O último parágrafo foi realmente engraçado?!) é poder constatar que todo início de namoro é a mesma coisa. A mesminha. Não adianta mentir ou dizer: “Não, eu sou diferente dos outros caras”. Balela! Todo mundo – todo mundo – no começo de um relacionamento é um anjo. Não importa se caído do céu, se tem asas, se tem sexo.

Todos mostram seu melhor lado. Parece até comecinho de Big Brother... todo mundo é feliz e ama tudo. Daqui a pouco, a poeira debaixo do tapete começa a fazer espirrar quem tem alergia. E a gente tem alergia a quem não concorda com a gente. Não concorda? Rasgue a folha (pra assuar o nariz!).

Sim... vocês ficam me deixando falar sobre casamento e sobre ser o melhor para o parceiro, que acabei esquecendo a ruiva lá de cima. Namorou pouco e logo casou. Noivado é para os fracos. Contudo, no segundo mês de casamento, ela sentiu que precisava falar algo pro marido.

– Não me mate, por favor.
– Eu juro que enfio essa faca no seu peito! Quem é esse rapaz com cara de espanhol?
– É do meu trabalho! Não faça nada.
– Quem manda aqui sou eu. Você ouve. Copiou?

Ela já não aguentava mais. O que fez? Foi à polícia?! Foi pra casa da mãe.
– Mãe, ele tá me ameaçando por qualquer coisa. Deixa eu ficar aqui uns tempos, deixa... Ele pensa que tô dando corda pro Garcia. E acha que ele é espanhol...
– Ele não é espanhol?! – perguntou a mãe, esquecendo do que sua filha havia falado anteriormente.
– Claro que não! O pai dele que é.
– Ah, pensei que ele era, por causa daquele bigodinho... e daquele olhar também.
– É mesmo, mamãe. Tenho até medo dele.
– Medo?
– Sim, ele mexe comigo. Mas ainda bem que ele viajou a negócios pro exterior.
– Que negócios?
– Foi pro Paraguai.
– Contrabando!
– Não, mamãe. Ele tá lá cumprindo ordens da empresa. A gente precisa de um representante lá. Ele disse que me amava e que ia voltar pra me buscar.
– Como assim?! – perguntou a mãe, ruborizada.
– O que você acha? – redarguiu Penélope. (Esse era seu nome. Desculpe o atraso.)
– Você? Cadê o respeito?!
– Eu me exaltei; me perdoe, mamãe. É que eu e ele tivemos um affair antes dele viajar – explicou ela, corando.
– Entendo. E o que você vai fazer?
– Me separar!
– Por causa desse espanhol?!
– Ele não é espanhol! E não... não é por causa dele. É por causa do Sérgio. Ele era um doce no começo do namoro. Agora parece mais o Kadu Moliterno.
– Bata nele também! Você acha que seu pai era mansinho por quê?
– Ai, mãe e minhas unhas?

Penélope realmente não era de briga. Quem a via de longe, sabia que era tão indefesa quanto uma Coca-Cola na prateleira do supermercado. Separou. Ficou só. Se envolveu de novo, mas não com o “espanhol”. Arrumou um cara que ela encontrou no tal supermercado da tal Coca-Cola. Eles derrubaram de uns 8 a 10 litros de refrigerante no chão todo – refrigerantes fechados, é claro.

– Desculpa! Sou mesmo desastrada. Meu nome é Penélope.
– Que engraçado... – disse ele.
– O quê?! – perguntou ela, com a dúvida estampada nas sobrancelhas.
– Seu nome. Você aí vestida de rosa me fez lembrar a Penélope Charmosa da Corrida Maluca – disse ele, rindo e pegando as últimas garrafas pet de Coca.
– Eu amava esse desenho!
– Eu gostava mesmo era da Caverna do Dragão... você sabia que o final é uma loucura? É assim: o Mestre dos Magos era...

E continuaram nessa conversa. Dessa, surgiu um encontro. Do encontro, o clima. Do clima, o namoro. O resto, o leitor deve prever. Anos se passaram e o casamento ia bem. Ele mostrava ser quem sempre foi. Era atencioso – quando tinha ciúmes era porque realmente havia algo errado. E ele, Roger, estava com muito e há tempos.

– Que cara é essa, meu benzinho?
– Não sei. Vi seus SMS’s pro espanhol.
– Porra (raramente ela dizia um palavrão), meu ex era vidrado no Garcia e você me parece que tá indo no mesmo barco. Cuidado prele não furar e afundar...
– Isso é uma ameaça? Vá ficar com esse espanhol, vá... você não é carinhosa comigo como é com ele! Deve fazer sexo comigo pensando nele. Você não sabe nem fingir que não tá gostando... Acabou. Saia da minha casa!
– Vou. Não aguento mais tanta briga por causa do meu amigo. Acabou mesmo.

As lágrimas logo se tornaram um lago, quase que engolindo ela – meio Alice no País das Maravilhas. Ela sabia que Garcia tinha voltado ao Brasil e foi procurá-lo na mesma hora. Levou todo o aparato que precisaria. Quando chegou à pousada que ele estava, seu coração congelou e ela pôde sentir um frio latente na ossatura. “É agora ou nunca”, pensou ela. “É agora!”.

– Gracinha! Sou eu – disse ela, batendo na porta. Nota-se o anagrama de seu apelido.
– Já vai, Pê. Tô só de toalha!
– Abra logo – ordenou ela, com a imaginação fértil.
– Já vai... Oi, me dê um abraço daqueles. Que bom te ver. Entre!

Ela entraria correndo, dando um pulo em seu pescoço e beijando-o. Mas não foi isso que aconteceu. Penélope fez tudo isso e mais um pouco. Jogou-o na cama de casal, pegando suas mãos e o algemando nas extremidades de ferro da tal cama de casal da pousada. Não tinha teto espelhado, mas seria o motel improvisado deles. Ela pegou a mordaça, que estava na bolsa junto com a algema e o vibrador. Os olhos de Garcia saltaram quando viram o vibrador preto liso de 20 cm.

– Né pra você, não, bobinho! – riu ela, mentindo e percebendo o pavor em seus olhos, já que sua boca já estava com a mordaça.
– Na rnt nng trnrrrrs ratss!
– O quê?! Vou tirar... a mordaça – disse ela, soluçando de tanto rir.
– A gente nunca transou antes!
– Sim, eu sei.
– E você já vai assim...?
– Quero fazer o que nunca fiz com os outros.
– Espero que você já tenha depilado ou até queimado com vela um dos seus ex-namorados – suspirou Garcia, rindo.
– De fato, já – disse ela, séria, colocando a mordaça de novo nele. – Na verdade, vou lhe punir por me masturbar e pensar em você toda vez que transava com alguém... Cale a boca! Ninguém vai te ouvir com a mordaça aí. Eu te amo ou amava, não sei; mas só enquanto você estava longe – disse isso pegando uma faca de sua bolsa. (Curioso como em bolsa de mulher cabe tudo.) – Sei que se me casar com você, o encanto vai se exaurir. Então – concluiu ela, examinando o corpo nu de Garcia sob seu olhar meigo e, ao mesmo tempo, sórdido –, vou levar você comigo... Pra sempre!

E bem no momento reticente, antes do “Pra sempre!”, ela decepou o membro de Garcia. Ele chorava de dor e de vergonha ao ver que não havia mais nada lá. Seus gritos eram em vão. Ela o beijou na testa, dizendo um “eu te amo” sincero. Colocou o pênis de Garcia dentro de um papel alumínio que trazia consigo e murmurou: “Vamos com a mamãe, Gracinha!”, dando-lhe um beijinho na glande, ainda melada de sangue.

Ele olhava tudo, atônito, chorando de dor e quase desmaiando, sem forças. Ela pegou uma cola Super Bonder de dentro da bolsa, passou na extremidade do vibrador e colou no lugar onde o pênis já não mais estava. Enquanto ele gritava, dizendo palavrões incompreensíveis, ela saia assoviando qualquer coisa que não consegui identificar.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Aforismomento (9)

"Peito" é palavrão? E se o peito for... pequeno?!

(Breno Airan)

$essão $ifrão

A banda $ifrão, que alia ska com uma pitada de rock, se aprensentou nesta quarta-feira (18) no Museu de Imagem e Som de Alagoas (MISA) no projeto MISA Acústico em prol do Mês da Consciência Negra. Confiram as fotos do show:













terça-feira, 10 de novembro de 2009

Aforismomento (8)

Pode um poeta pobre fazer rimas ricas?

(Breno Airan)

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Refrescante

— Eu sou virgem. É sério!

— Tá bom. E eu sou de Libra.

— Deixe de ser besta — disse ela, às risadas. — Você sabe muito bem que eu tou me guardando pro homem certo.

— E quem é esse sortudo? — perguntou ele, comendo Amanda com os olhos e a boca.

— Não sei ainda. Tou procurando um que valha a pena.

— Tou me sentindo um nada aqui. O Janu aqui vale a pena, sim!

— Ué, mas... não era minha intenção. Não sinto nada por você...

— Não sente ainda! Quando eu estiver fazendo cócegas nos seus estômago e rins, você vai mudar de ideia.

— Ai, eu tenho medo!

— Que nada. Vamos lá pra casa. No caminho, eu compro camisinha de menta e uma vodca na conveniência.

— Vem cá... Por que de menta?

— Não sei. É sua primeira vez... quero que seja, literalmente, gostoso.


(Breno Airan)

domingo, 18 de outubro de 2009

Colecionadora de sonhos

Ela costumava juntar sonhos,
colocava a cabeça no travesseiro

vinha mais um para sua coleção

e mais um...

Os sonhos iam, vinham, se esvaiam
mudavam sempre

Viravam lembranças gostosas

Se dissipavam em vontades

Apenas sonhos
que evaporavam
Viravam receio, medo

Ficava na prazerosa espera de apenas sonhar
depois vinha outro e mais outro...

Os travesseiros já estavam velhos

Os sonhos não,
esses não tinham tempo

Sonhar, dormir, acordar, eis a questão

Buscar os sonhos

desilusão,
frustação
Sonhar, acordar, viver a
realidade,
apenas vida
em forma de sonhos
Sonhar viver,
viver e sonhar...
e mais uma vez
Ela colocava a cabeça no travesseiro
e sonhava profundamente...


(Alana Berto)

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

O desconhecido

Alana Berto

Era um homem comum, na verdade era um Zé Ninguém
. Morava em uma daquelas favelas da Capital. Naquela manhã ele se levantou colocou uma camisa cor de laranja, sua única calça jeans e suas Havaianas, tomou um copo de água da torneira e comeu um pedaço de pão dormido(diferente do Zé que estava muito bem acordado e com fome).
Bom, depois de sua refeição matinal, ele seguiu para o Centro da cidade onde, costumava passar a manhã cometendo assaltos com uma arma de brinquedo. E era essa mesma história toda manhã, Zé roubava, Zé vendia...
Não passava das 10 horas da matina, quando a multidão que passava pelo calçadão do centro ouviu alguns disparos, era o corpo do desconhecido que caia no chão.
A multidão se aglomerava ao redor do corpo que lá estava estendido, a calçada cinza ficava cada vez mais vermelha. O tiro na cabeça foi fatal.
Dona Maria, uma senhora gorda que olhava sapatos na loja ao lado assustou-se ao ou ouvir aquele barulho e correu para o fundo da loja:- Aí Jesus Cristo me protege! Gritou Dona Maria aflita. Mas, igual aos outros, ela logo se acalmou e foi olhar os miolos do desconhecido que haviam sido espalhados pelo tiro. O clima era de curiosidade.O burburinho aumentou, pessoas perguntavam o que aconteceu? Quem é este homem? Quem fez isso?
Um mês antes dois homens foram assaltados por Zé Ninguém, que como sempre usou uma arma de brinquedo,Levando suas carteiras e dinheiro. A raiva era tanta que os dois trabalhadores assaltados resolveram se vingar, compraram uma arma a um estrageiro que fora apresentado por um amigo.
No dia seguinte foram ao local que Zé Ninguém costumava assaltar, efetuaram os disparos e fugiram a pé.
Até hoje a população e a polícia desconhecem o motivo do crime e nem sequer lembram do ocorrido ou da identidade dos dois crimonosos.
Quanto a vítima, não se sabe onde morava, de onde vinha, se possuia pai, mãe, esposa, filhos. As pessoas não sabiam ao menos se ele tinha uma identidade, o chamavam de Zé Ninguém.Já nas páginas dos jornais publicadas no dia seguinte, a vítima, um brasileiro de mais ou menos 35 anos foi chamada de desconhecido.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Fim!

Enquanto ele abria a porta ela saia correndo sem olhar para trás, era uma madrugada fria e escura, na rua só se tinha o olhar da lua e só se ouvia o cantarolar dos grilos.
As lágrimas vinham junto com o sereno e com o álcool, que evaporava dos poros e que momentos antes havia feito os dois corpos ferverem em um só. O olhar dele era de raiva e mágoa enquanto no dela havia desespero e esperança.
As palavras eram fortes e inesquecíveis, haviam corações feridos em conseqüência da dureza.
Ela seguiu seu caminho e dormiu, ele ficou entre o sono e o sonho. Não mais existia amor naqueles gestos, o que ficou foram somente as lembranças, indefinidas entre o amor e o ódio; o ser e o não ser; a amizade e a saudade; a raiva e o bem querer; a razão e o coração; o sofrimento e o passado; o álcool transformou-se em ópio e em gotas d’água que caiam dos olhos.
As cartas foram embaralhadas e jogadas naquela mesma rua, naquela mesma madrugada, essas cartas nunca mais foram vistas pelas ruas. Apenas as chaves continuaram a existir. As chaves que abriram aquelas portas foram as mesmas chaves que as fecharam cada um levou sua chave para casa e esse foi o começo do fim e o meio de um nova vida, nessa hora a música parou, mas outra começou a tocar: a música do fim, a música da hora, do adeus e do começo, da lembrança e do infinito...


(Alana Berto)

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Ser mãe é...


Não se fala em outra coisa a não ser o assassinato que chocou Alagoas, cometido por Arlene Régis dos Santos, 35 anos, contra seus dois filhos de 7 e 12 anos, ocorrido na madrugada desta segunda-feira (29). Os garotos foram esfaqueados enquanto dormiam. O filho mais velho, de 15 anos, ainda conseguiu fugir e pedir socorro.

Ao chegar no local do crime, a casa das vítimas e da assassina no bairro da Santa Lúcia, os policiais encontraram Arlete bastante alterada e se dizia estar possuída por espíritos. Já de acordo com o marido, Abelardo Pedro Nobre Júnior, o casal passava por problemas no casamento e a mulher ameaçava fazer "uma coisa grave".


...



Bom, foi basicamente isso. O mais interesante é o fato de já não bastar morar na Santa Lúcia, matricular os filhos em escola estadual e serem obrigados a assistir a nova programação da TV Alagoas, ela ainda achava pouco!


Sabe de onde veio essa tirinha? Sim, é só clicar.

(Mari Belo)

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Promessas entre o céu e a terra

O sol entrava pela janela do quarto do governador, naquela manhã de quarta-feira. Após sentir o calor do sol Otávio Augusto Marinho levantou-se, tomou café, como de costume, pôs um terno e uma gravata. Ao se aproximar da saída de sua casa fez o sinal da cruz e tocou na imagem de Nossa Senhora que ficava ao lado da porta, essa era a devoção do governador.
Otávio Augusto não havia saído da rotina até aquele momento. Ele iria viajar no helicóptero do governo, junto com seu assessor direto, Marco Antônio Vargas e o Secretário estadual de Saúde, Dário Sousa, o destino era o Município de Santanópolis, onde iriam conversar sobre o projeto Viva Bem Legal.
Não passava das 10 horas da manhã quando de repente, a aeronave que sobrevoava pela região de Sorriso Claro, foi tomada por fortes turbulências, o Piloto Giusepe Tenório avisa aos tripulantes: “A neblina está impedindo a visibilidade e o vento está muito forte.”
A mudança de rota foi inevitável. O clima ficou tenso dentro da aeronave; Otávio Augusto Rezava pedindo proteção a Nossa Senhora, a quem ele nutria uma devoção: “Minha Nossa Senhora faça com que cheguemos são e salvos ao nosso destino, caso sobreviva prometo doar metade dos meus ganhos como governador para ajudar na saúde, educação e qualidade de vida do povo. Eu te suplico minha Santa, prometo ainda ajudar aquele pessoal carente da Favela de Barro Fundo, da Grota do Feijão e quanto mais me for possível, eu quero viver, fazer muitas viagens, passar ainda uns bons tempos na capital do país, usufruir da qualidade de vida que todos nós, os políticos desta nação temos direito.
Enquanto isso o Secretário Estadual de Saúde prometia resolver todos os problemas do Hospital Estadual. Já o assessor, Marco Antônio, que nunca se sentiu seguro em andar de avião dizia: “bem que falei que isso não era seguro, eu disse, era melhor ir de carro, eu sonhei ontem à noite que esse helicóptero caia, mas vocês não me ouviram, eu prometo que cobrarei do governador todas as promessas que ele acabou de fazer, caso saia vivo dessa catástrofe.” Depois dessas palavras, todos, como bons católicos que são, deram as mãos e começaram a rezar o Pai Nosso.
O piloto então,procurou manter todos informados e perguntou aos tripulantes se eles preferiam voltar para Felicidade, a capital do Estado ou pousar naquela região:todos optaram por pousar naquele local, uma fazenda localizada em uma região município do Estado vizinho.
Ao descer do helicóptero os tripulantes se deparam com dois trabalhadores rurais, que plantavam batatas no local, um deles gritou: “óia o avião Juvenal! O que será que essa gente que anda de avião quer aqui, será que vieram prender nóis?” Juvenal respondeu, “que nada rapaz deve ser gente poderosa que veio aqui falar com o patrão, será que o povo é famoso? ‘Vamo’ tirar foto ‘homi’ é a primeira vez que vejo um veículo desses que voa pessoalmente, temos que aproveitar.”
Seguido aos acontecimentos, uma comitiva seguia de carro para resgatar os antigos tripulantes e levá-los finalmente para seus destinos: a cidadezinha de Santanópolis, onde os agentes de saúde os aguardavam. surgiram muitos boatos, um jornal local noticiou que o avião que levava o governador do Estado havia caído e estava perdido, a notícia era que não sabia se haveria sobrevivente entre os tripulantes e que uma busca estaria sendo feita pela região. O fato atraiu até a imprensa nacional, que noticiou que destroços do avião haviam sido encontrados.
Por volta das 13 horas o governador e sua comitiva chegavam ao Estádio do município de Santanópolis, onde os aguardavam.
O governador fez seu discurso e promessas em relação a programa Viva Bem Legal- que pretende melhorar a qualidade de vida da população do Estado.
Depois de toda a solenidade concluída, Marco Antônio olha para o governador e pergunta: Otávio Augusto e quanto àquelas promessas, nós vamos cumprir? Deixa pra lá, disse o governador fica só entre nós três e a santa. Tudo certo então, disse Dário Sousa, Já estava preocupado em quanto ia trabalhar e o quanto iria custar ao Estado colocar em ordem todo aquele caos do Hospital Estadual.

(Alana Berto)

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Casal pós-moderno

É, não estava mais dando certo. As desculpas não mais serviam. As brigas tornavam-se constantes. É sabido que duas pessoas parecidas demais ou diferentes geralmente não levam um relacionamento adiante. Às vezes, o ego de algum dos dois fala mais alto, por vezes gritante.

O ego da garota era, de fato, gritante. Era do tipo mimada: queria, porque queria. E isso já era suficiente pra ela e ponto. Já ele era compassivo, paciente e fazia o que deixava os outros felizes. (Segundo ele, isso o ajudava a crescer internamente.) Vê-la feliz era a sua felicidade. Mas os tempos estavam mudados. A rotina acabou transformando enfadonha a relação do casal. Não existia mais fogo. Só o soltar de faíscas nas discussões.

— Para de fumar, Nívea, por favor.
— Não vou me viciar, amor. Não se preocupe!
— A questão não é somente essa. Eu não quero que você fume. Não me sinto à vontade com esse fato.
— Não posso fazer nada, Vitor...

E não podia mesmo. Era a vontade dela. Por mais que Vitor quisesse, nunca iria domá-la. Não “domá-la” no sentido literal; machista. Mas sim fazer valer sua opinião sobre as coisas. Em um romance, isso é fundamental. Claro que as brigas são um mal necessário. São saudáveis, na medida certa. Porém, tudo tem um limite e não há discussão de relação que tire a mácula de uma traição.

Vitor soube através de amigos que sua namorada havia ido para uma festa particular sem lhe avisar. Lá, ela bebera demasiadamente e teria supostamente participado de um beijo em um garoto mais velho e uma garota, ao mesmo tempo: um ménage a trois com gostinho de Montilla. Vitor não se abateu. Mostrava-se forte — pelo menos, por fora. No escuro, chorava escondido, ouvindo a música que embalou o romance dos dois.

Nívea , por sua vez, estava tranquila até sua amiga (a que ela beijara outrora) lhe contou que seu namorado já sabia de tudo. É, a casa caiu. Com garagem, quintal e tudo mais. Ela já desconfiava que seu namoro ruiria, por mais que Vitor fosse compreensivo. Ele simplesmente não merecia aquilo; e ela sabia disso!

Tudo se confirmou quando ela recebeu um SMS, solicitando sua presença na praça central da cidade. Dizia:

Qro falar com vc.
Preciso ti perguntar 1
coisa importante!!!!!
15hrs na praça, viu?!!!! Bjo

No caminho pra lá, ela ruborizava-se com seus devaneios. Tinha vergonha do que tinha feito. No momento, foi tudo muito bom. Imaginava as palavras que Vitor ia proferir. “Ele deve tá ‘p’ da vida!”, pensou ela. Ao chegar no destino, avistou seu futuro ex, cabisbaixo. Ele foi bem direto:

— Quem vai ficar com a senha do nosso Orkut duplo?!


(Breno Airan)

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Entre outras mil, és tu, Brasil!


Já não é mais novidade a notícia de que o senador e ex-presidente da República Fernando Collor de Mello tornou-se um imortal da Academia Alagoana de Letras. Porém, diante deste surpreendente episódio que, cá pra nós, só perdeu para a vitória de Dado Dolabella em "A Fazenda", pudemos concluir que:
  • E se a gente pedir uns conselhos a Lex Luthor? Afinal de contas, há anos ele tenta matar o Super-Homem.

  • Que Lex Luthor que nada! Agora só na base da estaca, cruz, alho e água benta!!!

  • Viu só, Jô? Nem tudo está perdido!

  • Qual intuito dele se candidatar a imortal? Já não bastam as aplicações de Botox?

  • Por que esta notícia nos deixaria surpresos? Depois de quase tudo ligado a Elle já ter ido pro beleléu (citemos seu irmão Pedro Collor, PC farias, o CSA e até seu ex-advogado foi encontrado morto), qual a dúvida que temos de que ele não é feito de matéria orgânica?


R$ 1,00 de inspiração: http://www.sitedoaran.com.br/



Bem, é isso. Depois falaremos de Vanuza cantando o Hino.



(Mariana Belo)

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Há uma pedra em meu sapato
ela não quer sair
dói
faz calo
rasga meu pé
acostumei com a dor
ela me dá prazer
Há um calo no meu pé
ele sangra
dói
virou bolha
Há um sapato no meu pé
ele me ajuda a seguir caminho
faz calo
piso em pedras
mas, não posso tirá-lo
preciso seguir caminho
me acostumar
não posso andar descalça
preciso andar
tenho pressa
preciso correr
há uma pedra no meu sapato
sigo devagar...
(Alana Berto)

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Sobre o tempo

Quando somos crianças ele é o nosso maior amigo, o tempo. Não temos nenhuma pressa e nenhuma pretensão que ele passe logo, ele anda a nosso favor, junto com as brincadeiras de crianças e junto aos sonhos que gera a famosa pergunta:o que você quer ser quando crescer?

- Eu quero ser astronauta, conhecer a lua, acho que vou morar em Marte quando crescer, é em Marte... quando crescer vou ter uma casa lá, aproveito e levo pra lá os anéis de Saturno.


- Ha não, eu quero ser médico, ter muitos filhos, uma casa enorme e com piscina, haaa quero ter uma avião também bem grande, quero viajar muito!


- hummm, eu quero ser jornalista, escrever, conhecer pessoas, viajar...


Na infância a vida é feita apenas de sonhos, que na maioria das vezes nem chegam a ser realizados. Quando viramos adultos o tempo anda no sentido contrário, se existe inimigo, ele é o tempo que traz as rugas e também o novo. Enquanto ele vem a galope, temos que superar expectativas, virar cidadão, pais a mães de família, o dia fica curto para a quantidade de atividades cobradas para que possamos evoluir à condição de "gente grande". Antes disso, é claro, temos que passar pela rebeldia da adolescência que vem com as ideologias e com o tempo vemos que elas se perderam com ele e que aquela vontade de mudar o mundo foi junto.O tempo leva amores, traz outros, cura mágoas, vem com frustrações e conquistas. Marcado por lutas diárias, fases, alegrias,algumas vezes transformadas em lágrimas, gera encontros, distância.

É engraçado como as amizades que pensávamos ser pra sempre mudam com o tempo, cada um toma seu rumo. O tempo muda pensamentos, objetivos, caminhos. As ambições de crianças se tornam adultas e dão prioridade ao real, mesmo que queiramos mudar de canal, sons e imagens ficam sempre ali tentando colocar nossos pés no chão (não mais na lua ou em Marte), no chão da Terra para seguir sua órbita, ou seja, o tempo real, que é uma maratona. Até que o tempo acaba, podemos vencer essa maratona ou não porque o tempo não é igual para todos, longo pra uns, curto para outros, ele não perdoa e infelizmente não é infinito!
O tempo é traiçoeiro, sangra, bebe, se diverte, corre, custa a passar,conserta, destrói. Tempo é história, tem história, se perde em labirintos, guia, é consequência e revolta. Afagamos e apanhamos nas mãos do tempo. O tempo nos torna crianças novamente, dói, suspira, ri e devaneia, vira luz no fim do túnel e espera até que a chama se apague.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Você!

Passado, presente e futuro: você
vai e vem como ondas
dorme e acorda
esquenta e esfria
odeia e ama
sem saber o porquê
ama porque ama
sem explicação
enlouquece
vive nos desejos mais secretos
interior
chora
sente
guarda
espera
come
sacia
despreza
é desprezado
sangra
se satisfaz
grita
acaba
volta
continua
dá uma volta
esquece
lembra
vaga
lembrança
memória
à passeio
sonho
esperança
chuva, sol
vomita
agustia
gosta e desgosta
goza
teme
absorve
agita
ferve alma
escreve
ler
alucina
beija e ouve a canção
arde
domina
ilumina e sofre
brinca e briga
esconde, enrosca
rodeia
Nós!

(Alana Berto)

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Dê esperança a uma criança...

E lá se foi neste último sábado (22) mais uma edição do Criança Esperança! É a Rede Globo , juntamente com o Unicef, lutando para tornar as nossas crianças cidadãos instruídos, intelectualmente capazes e conscientes sobre os "males do mundo"!








...














Mas afinal, o que Calcinha Preta foi fazer por lá?




Fica a reflexão.


(Mariana Belo)

Metamorfose

A pele muda
o olhar já não é mais o mesmo
nascer
crescer
é constante
que nem a lua: nova, minguante, cheia, crescente
o novo vira velho a qualquer momento
angústia
esperança
mudança
medo
caminhada
gosto
agosto
novo
vida
alegria
fim!


(Alana Berto)

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

O filho da mãe e a cara do pai

Por Alana Berto

Esse texto foi um trabalho que o professor de radiojornalismo pediu. Na verdade, ele pediu para a gente escrever alguma matéria ou editorial relacionado à paternidade, já que havia uma semana que o dias dos pais havia sido comemorado. Então, a filha da mãe que aqui escreve, em vez de falar sobre pai, resolveu escrever o que um pai significa para ela, ou seja, ele significa MÃE. ela sim representa tudo isso em minha vida, mas isso não quer dizer que não existam pais de verdade há casos e casos e no meu é PÃE. Por isso pais de verdade perdoem a filha da mãe aqui, beijos e até mais.

Pai amigo, super- pai, pai feliz, pai herói, pai explosivo, pai carinho, “paiaço”, “pailhaço”, “painteligente”, pai-louco, pai careta,pai carente, pai jovem, pai ausente, pai pra isso, pai pra aquilo, pai pra tudo, pai-mãe, mãe-pai.
Eis aqui alguns gêneros de pais, tudo bem que o dia dele passou, mas todo dia é dia de dizer: eu te amo! Amar por que ensinar a viver é um ato recíproco de amor, agüentou os choros de criança e as crises na adolescência, enxuga lágrimas quando elas caem; ser pai é sair lastimando no primeiro dia de aula do guri ao ter que deixá-lo aos cuidados da nova tia e quando o guri cresce aceita todas as suas escolhas mesmo não concordando com elas.
Bom, existe um gênero de pai que é o que quero destacar porque ele é o mais especial de todos é o estilo “pãe”. Isso, aquela mãe que é mãe, é pai, heroína porque além de ser mãe, de ser mulher, de ser profissional, é pai. É ela que dá de mamar, que nina o filho, que sente a dor do parto, que acolhe em seus ventre que passa noites em claro quando a coisinha mais linda da vida dela adoece.
A mãe é certa, pois não existem dúvidas que o filho é da mãe, já o pai é incerto, por isso existe a necessidade de afirmação de paternidade igual a quando um bebê nasce, chega tia, tio, avô, avó, primo e afins para conhecer o novo membro da família e tudo que os pais escutam é a frase: é a cara do pai! Mentira, a única cara que todo recém-nascido tem, é a de joelho, mas presume-se que o filho da mãe é também filho do pai.
Essas mães merecem ser chamadas de pai, merecem também muito mais que o dia das mães elas merecem todos os dias dedicados a elas inclusive o dia dos pais porque elas exercem papel duplo. Elas são verdadeiras guerreiras diárias, matam um leão por dia e viram um leão para defender a cria. Elas vibram duplamente com as nossas conquistas e também choram em dobro com nossa derrota. Filho é razão da vida de “pãe” por que esse estilo de mãe exerce três profissões: a de ser mãe, a de ser pai e a de sustentar a casa. Ser “pãe” é ser uma trindade, tal qual o pai, o filho e o espírito santo e muito mais que isso.

(Dedicado a minha mãe)

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

SOS Focas

Quando se deu a regularização do estágio de jornalismo em Alagoas, através da resolução Nº 21/2002 de 09 de dezembro de 2002, muitos acharam que finalmente haveria coerência e probidade com a classe universitária. Na época, a Coordenadoria dos Programas de Monitoria e Estágio (CPME/PROEST), o Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal de Alagoas e o Sindicato dos Jornalistas de Alagoas, trabalhariam em parceria com as empresas de comunicação para resguardar direitos ao estagiário de jornalismo, alguns deles eram: estagiar apenas a partir do terceiro ano (ou 5º período); o estágio poderia durar no máximo seis meses, podendo renovar o contrato para mais seis; a jornada de trabalho seria de 20 horas semanais, além do número de estagiários não poder passar de 20% (vinte por cento) do corpo de jornalistas contratados na empresa.
Passados seis anos desde a publicação da resolução, fica a pergunta, principalmente aos nossos aprendizes (ou “focas”, alcunha dada aos jornalistas recém-formados): qual destes requisitos é respeitado na prática?
Comecemos pelas instituições de ensino (especialmente as públicas). Pouco se vê de projetos introdutórios à prática jornalística, como jornais experimentais, bons materiais, iniciativa dos professores para tais projetos, biblioteca atualizada ou laboratórios decentes de Rádio, TV, fotografia, informática, design gráfico etc., fazendo com que nossas “focas” sintam-se ainda mais emersas do “oceano da comunicação”. Chegando ao mercado de trabalho, as redações os tratam como uma espécie de Peter Parker (verdadeira identidade do homem-aranha, o qual, ironicamente, era repórter fotográfico em um jornal). A diferença é que os estudantes não foram picados por nenhuma aranha radioativa e, ao que parece, é preciso super poderes para agüentar tal fardo: excedente na carga horária, falta de reconhecimento e sem contar a baixa remuneração.
Outra questão bastante crítica, é a participação do Sindicato na fiscalização do estágio. Ao invés de monitorarem as empresas ao menos mensalmente ou bimestralmente, muitas vezes passam-se seis meses até ir às redações e tirar os estagiários irregulares. Segundo alguns estudantes, entre uma visita e outra, é o tempo da empresa preencher a vaga irregular, cumpre-se o contrato e simplesmente o Sindicato não toma conhecimento da prática.
Ao que parece, nossos aprendizes ficaram perdidos numa espécie de “fábrica de notícias”, na qual trabalham mecanicamente e seus superiores pouco se importam a respeito da qualificação e aprendizado dos nossos pupilos. Afinal de contas, estágio, na linguagem atual das empresas, é sinônimo de baixo custo com mão-de-obra. Apenas.
É necessário, portanto, perceber que esses “bebês-foca” crescem, tornam-se carnívoros em informação, mas ainda são tidos como bobos animais que equilibram bolinhas de plástico com o nariz. E se não houver uma real parceria entre ensino e empresas, além da fiscalização maciça do Sindicato, prevalecendo à valorização do aprendizado durante a prática, a matança aos nossos bichinhos não ficará restrita ao Pólo Norte e atingirá também as muitas redações deste País Tropical, em especial no nosso Paraíso das Águas.

(Mariana Belo)

domingo, 16 de agosto de 2009

Jesus Cristo é o senhor


Em 31 de Outubro de 1517 o monge alemão Martinho Lutero indignado com alguns absurdos da igreja católica pregou 95 teses na porta da igreja do castelo de Wintteberg. Essas teses condenavam principalmente as indulgências, que na época eram cobradas obrigatoriamente pela Santa Igreja Católica (que cá pra nós, de SANTA nunca teve nada) enfim, a percentagem para santa igreja vinha junto com os impostos que os cidadãos da época teriam que pagar. Martinho Lutero questionava também a vida de luxúria e de riqueza que os membros da igreja viviam, já que que eles viviam em meio ao ouro contrariando os votos de pobreza e o celibato clerical.Após todos esses protestos, Lutero foi acusado de praticar heresia e no ano de 1520 ele foi excomungado da Igreja Católica.Afastado, o monge começou a traduzir a bíblia para o alemão em meio a todos esses acontecimentos outros membros da Igreja passaram a negar o votos de castidade e a renunciar os votos monásticos. Nesse momento muitos mudaram suas formas de adorar a Deus, as imagens de santos não eram mais contempladas.Enquanto isso na Suíça e em parte da França João Calvino também fazia sua revolução criando o calvinismo, onde acreditava na salvação pela fé e se diferenciava luteranismo porque acreditava que as boas obras eram consequências da salvação. A igreja católica revidou esses acontecimentos com a contra-reforma criando o Concílio de Trento e a "Santa" Inquisição, que chegou a matar milhões de pessoas. A riqueza que a igreja católica adquiriu na idade média existe ainda hoje trazendo muitas contradições.
E dessa forma foi criada a igreja protestante e hoje existem vários ramos dela, cada um com uma doutrina e a cada dia surge mais uma porque igreja virou questão de negócio uma delas é a Igreja Universal do Reino de Deus que nasceu em Julho de 1977, foi criada pelo pastor Edir Macedo e segundo seus membros tem o objetivo de propagar o tal do "espírito santo" e livrar o mundo do temido "Satanás". Logo quando foi criada, os cultos eram celebrados em um galpão,mas o negócio cresceu de tal maneira que atualmente a universal manipula cerca de 15 milhões de pessoas e tem sede em mais de 150 países. Seus fieis sofrem uma lavagem cerebral e são guiados a pagar todo mês um dízimo de pelo menos 10% de seus salários, ou seja, uma indulgência em plena pós-modernidade. Hoje a igreja universal é uma das mais ricas e enfrenta sérias acusações, conhecidos pelo radicalismo e por não respeitar outras instituições religiosas, um dos fatos polêmicos aconteceu em 2005 quando o deputado João Batista, então presidente da Igreja Universal, foi detido pela Polícia Federal junto com seis pessoas, essas pessoas transportavam 10 milhões de reais em dinheiro a alegação do deputado foi a de que o dinheiro era proveniente de doações de fieis. Esse mês a Igreja foi de novo palco de mais um escândalo: a justiça abriu uma ação contra 10 pessoas, entre elas está o famoso bispo Edir Macedo sob a acusação de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha; conforme a acusação os integrantes utilizam há 10 anos a Igreja Universal do Reino de Deus para praticar fraudes. De acordo com as investigações, do ano de 2001 a 2008 as movimentações financeiras somam um valor de R$ 8 bilhões esse dinheiro estaria servindo para comprar emissoras de TV e rádio jatinhos e outros luxos. Pois é, voltamos a idade média e parece que a única coisa que mudou de lá pra cá foi a instituição, as indulgências são cobradas da mesma forma e o radicalismo ainda é o mesmo. É muito sério usar o nome de Deus para ganhar dinheiro dos fieis alienados.

(Alana Berto)

sábado, 15 de agosto de 2009

Idas e vindas

A ansiedade da ida não é a mesma ansiedade da volta; as duas possuem uma espera constante, as angustias do futuro misturadas com as alegrias e tristezas do passado. Na ida não se quer nunca fechar os olhos, queremos ver sempre as coisas como as deixamos, mesmo que feche os olhos por um minuto não conseguiremos aguentar mais tempo porque a ida é feita de descobertas, enquanto a volta é apenas exploração; porém ida e volta explodem igual; egocêntricas, seguem apenas o futuro deixando rastros pelo passado, esse futuro que pensamos estar tão distante está logo ali, quando menos esperamos ele chega; indo, voltando e deixando marcas, idas e vindas de passados longos e misteriosos...

(Alana Berto)

Aforismomento (7)

A flor que ganhou em um momento eterno murchou e secou; agora serve apenas como marcador de livros!

(Alana Berto)

Aforismomento (6)

Delírio: Era só de Lírio e silêncio à flor da pele, a Rosa!


(Alana Berto)

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Aforismomento (5)

A mulher que fuma não busca nada, além da paridade do gênero.

(Breno Airan)

O léxico do silêncio

Escrever nem é tão difícil. Qualquer um pode fazê-lo. Mas fazer o leitor ruminar... Esta sim é uma tarefa árdua. As palavras têm por obrigação ser melhores e mais oportunas que o silêncio. Quando o autor adeja para um lado e para o outro sem dizer palavra, uma mácula instala-se em seu âmago. Ele não atingiu sua meta. À revelia, creio que alcancei a minha, ruflando as asas e indo em direção do epílogo. Silêncio!

(Breno Airan)

Há mais scripts podres no reino do Twitter, do que julga nosso vão mal de Alzheimer

Numa era em que o que é, já foi, não podemos perder tempo com quaisquer futilidades. Ainda mais quando cientistas descobrem que o mal de Alzheimer “dá sinais” de que está por vir em nosso cérebro, décadas antes. É bem verdade que o twitter está aqui para nos ajudar. Como? Você não há de esquecer o que tenha que escrever lá. É tudo tão instantâneo… Vou-me embora escrever algo produtivo (ou não) antes que eu esqueça! Arrisco-me a recitar uma possível passagem de um “Shakespeare Twittano”: Twittar ou não twittar? Eis a questão... Twittar!



(Breno Airan)

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Tomorrow

Quem sabe amanhã talvez?
Quem saberá?
Só eu saberei:
amanhã, depois de amanhã
daqui há um um ano, quem sabe?
Um mês talvez
ontem, hoje, amanhã
passado, presente e futuro
tempo
conquista
medo
talvez passe a vez
a porta bate
quem sabe?
Relógio
Amanhã...

(Alana Berto)

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Aforismomento (4)

Amor é mais concreto, cimento, brita e muralhas que abstrato. Construa a sua própria fortaleza!

(Breno Airan)

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Entresafra Literária

Diante do nuestro período sabático - Alana velejando pelas Ilhas Gregas com seu amante magnata, Breno em lua-de-mel no Havaí, William Rocha caçando prostitutas em Cingapura e eu, ajudando as vítimas da fome e da Aids na África, tá osso ver brotar alguma coisa. Prometemos voltar nos próximos dias para encher esta folha em branco virtual com várias e inéditas odisséias escribas, "croniquices" e demais atrocidades líricas.
Abraços a 8 mãos,

Mariana Belo

terça-feira, 28 de julho de 2009

Aforismomento (3)

A morte: está aí uma coisa que pode ser deixada pra amanhã.
(Breno Airan)

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Aforismomento (2)

Tentar por tentar é inútil.
(Breno Airan)

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Aforismomento (1)

O segredo é não guardar nada dentro de si.
(Breno Airan)

Definição do nada!

É cheio de medo e nada,
Um nada que custa a passar
E não tem palavras para ser definido,
Porque o nada é o nada,
É o nada que vem quando menos esperamos
e precisamos de verdade de alguma palavra para nos expressar
ou para escrever em uma folha de papel em branco,
o nada é o contrário da inspiração,
é a espera que não chega nunca,
é pó vazio tremendo e temendo continuar um nada
é a ansiedade pelo tudo que também não se define,
é a direção contrária que fica entre o ser.
É o fundo, o mundo, é incerto e é talvez,
é longo, efêmero e cômico, talvez até idiota.
É o ponto, o traço, o trago do futuro, a linha,
os rabiscos na folha, os pensamentos bestas,
a ordem e desordem,
as letras, as frases, o universo, a indefinição e a incerteza junto a pó e palavras é um simples ponto que se transforma no infinito,
é um encontro, é um beijo, é saudade, é lágrima, é poema, é sonho,é reticências, é nada, é nado,
é tudo mudo!

(Alana Berto)

domingo, 5 de julho de 2009

A espera



Espero o ônibus
Espero o táxi
Espero a sorte
Espero a morte
Espero o sonho
Espero o sono
Espero a tempestade
Espero o barco
Que saco!
Espero o dia
Espero a noite
Espero à noite
Espero a grana
Espero a lama
Espero à hora
Espero a droga
Espero o fim do mês ou quem sabe talvez o fim da vez
Espero aprender
Espero mãe, avó, irmão
Espero da minha vida
Espero no trabalho
Espero começar o livro
Espero terminar
Espero a alegria
Espero a conquista
Corro a espera
Espero chegar
Espero a chuva passar
Espero o sol
Um dia quem sabe espero esperar o filho
Esperarei o trilho
Escreverei um livro
E quem sabe plantarei uma árvore
Esperarei...

(Alana Berto)

sábado, 4 de julho de 2009

Laranja mecânica

Alana Berto

O filme Laranja Mecânica foi produzido em 1971,dirigido por Stanley Kubrick e inspirado num clássico romance de Anthony Burgess. A trama trata de uma turma de arruaceiros que tem como chefe Alex, interpretado por Malcolm McDowell. O longa é narrado em Nadsat, um idioma que mistura o Russo, o inglês, o cockney.
Alex e seus droogs(palavra originada do Russo druk, amigo), sai as ruas praticando os piores vandalismos que se pode imaginar, de assalto a estupro. O protagonista Alex, que é um jovem de mais ou menos 18 anos, culto e adorador da boa música que como mostra no filme, tem uma predileção pela nona sinfonia de Beethoven, a quem ele chama de Ludwig Van, é dono de uma inteligência e arrogância sem dimensão, leva uma vida despreocupada de beber e infringir as leis, seus pais são alheios a vida do filho o que faz com que eles acabem omitindo a situação.
A história se passa na Inglaterra e começa com os droogs violentando um mendigo. Eles chegam a entrar na casa de um escritor que é violentado e tem sua esposa estuprada por Alex e sua gang. O escritor fica paralítico após o espancamento e sua mulher morre alguns meses depois em decorrência do acontecido. O fim das “brincadeiras” de Alex tem inicio quando ele é traído por seus amigos, ele invade a casa da dona de um spar, tentando assaltá-la, mas antes que o ato seja consumado a professora tenta reagir, é quando ele pega uma obra de arte, que por sinal, lembra um objeto fálico (o que interliga o prazer que ele sente em violentar alguém ao prazer do sexo) e ameaça quebrá-la; em meio à luta, Alex mata a mulher com a obra que ela tanto estimava. Ao sair da casa Alex é atacado por seu bando, que o golpeia com uma garrafa. O delinqüente é preso, agredido na delegacia e condenado a 14 anos de prisão por homicídio.
No fim do filme Alex se submete a ser cobaia em um tratamento relacionado à aversão, patrocinado pelo governo, o chamado tratamento Ludóvico. Alex é submetido a várias sessões do tratamento, que consiste em passar horas vendo imagens de sexo e violência, dopado, amarrado e impossibilitado de fechar os olhos, ele assiste a cenas de agressões ao som da nona sinfonia, de seu compositor favorito. Assim, Alex pega aversão a tudo relacionado ao sexo, a violência e a composição que mais apreciava de Beethoven. Conseqüentemente o tratamento Ludóvico o deixa uma pessoa indefesa.
Quando o tratamento acaba, o ex-deliqüente juvenil fica livre, volta para casa de seus pais e assim descobre que eles alugaram seu quarto para um desconhecido pretensioso e audacioso,além de terem dado um fim a sua cobra Basil. Ele se percebe desabrigado e vaga pelas ruas de Londres. A partir daí ele encontra pessoas maltratadas por ele anteriormente, que claro, querem vingança; além de encontrar seus antigos droogs que o espancam e por pouco não o afogam.
Enfim, Alex chega à casa do escritor, que deixou paralítico e teve a esposa estuprada pelo vândalo, sem se reconhecerem, o escritor o aloja em sua casa, lhe dá banho e comida. Ao reconhecê-lo, o escritor resolve torturá-lo na esperança de que ele cometa suicídio. O jovem é drogado e trancafiado em um quarto, ao som da nona sinfonia. Alex se joga pela janela, mas sobrevive.
No hospital, Alex se recupera da queda. Recebe a visita do ministro de interior, o homem que o selecionou para o tratamento Ludovico; o ministro pede desculpas pelos transtornos causados pelo tratamento e oferece ao garoto um emprego bem remunerado, para que ele apõe a eleição do partido conservador, que teve a imagem danificada com o acontecido. O filme acaba com Alex finalmente “curado” tendo fantasias eróticas acompanhado também do som da nona sinfonia.
O clássico retrata a sociedade principalmente nos anos 70, a ideologia punk e os skinheads que possuíam uma violenta realidade. Mostrando a violência imposta pela sociedade , além do lado animal que todo ser humanos tem. Seu título provém de uma expressão anglo-saxã " "Tão bizarro quanto uma laranja mecânica", um ser que age por impulso e mesmo humano é capaz de fazer coisas absurdas, por puro prazer.

Caminho

Alana Berto

Enquanto eu olhava da janela do ônibus a chuva que caia fervia sob o asfalto, do fone de ouvido saia a voz do Hebert Viana que dizia “One More Time”. O frio tomava conta naquela manhã, a melancolia do dia cinza e chuvoso também. A vontade de ficar ali só olhando mais uma vez aqueles pingos de água cair, pensar tudo sobre o mundo e as coisas que existem nele, veio junto com essas vontades o sono em conseqüência do frio e do horário. Algum tempo depois veio o sol, dessa vez ao som de Renato Russo que cantava: “Eu rabisco o sol que a chuva apagou”. Olhei as pessoas, os carros que passavam, cheguei ao meu destino, o sono passou e enfim começava minha segunda-feira...

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Michael, o imortal




Eh, Michael Jackson... O Rei do Pop foi o assunto mais comentado nas rodas de amigos dos últimos tempos, quiçá dessa década. Ah, sim, houve o fato do World Trade Center, mas, em se tratando de show business, Michael é o number one.

Inclusive, Number Ones foi o nome do CD que escutei demasiado nesse carnaval; todos os dias. Parece até que eu sabia que algo ia acontecer. Lá estão os seus maiores sucessos, como Black or White, Thriller, Bad, Beat it, Smooth Criminal e tantos outros. Com sua morte, o alvoroço dos fãs e da mídia foi maior do que eu imaginei. Desde Elvis e os Beatles, ninguém mexia tão forte e claramente no âmago das pessoas.

Exatamente há uma semana, Michael foi acometido por fortes dores que o levaram ao infarto. Entrou no hall dos famosos que morreram tragicamente, juntamente com Jimi Hendrix, que se afogou no próprio vômito, Bon Scott, que teve falência múltipla dos órgãos (por beber 70 doses de vodca), e Kurt Cobain, que supostamente se matou; só para citar alguns.

O intrigante é poder notar que o gênio das sapatilhas pretas só veio a ocupar o set list dos muitos Winamps e Windows Media Players de todo o mundo depois de sua morte. Eram raros os que o ouviam ao léu. Mas, com sua morte, parece que todos resgataram o furor de décadas atrás. Vinis foram tirados das caixas; lágrimas, dos olhos.

Para a geração que não o conheceu a fundo (e só soube de seus escândalos financeiros e sexuais), fica a dica: ninguém irá substituí-lo. Nem Justin Timberlake, nem Lady Gaga, tampouco a tupiniquim Stefhany. Apesar de sua compulsão narcisista, tornando-se a versão contrária do personagem Dorian Gray — que era belo por fora e malvado e imoral por dentro —, Michael sempre será, em nossa miríade de lembranças, a eterna criança, cantando ABC, ou até o homem austero, fazendo seu excelso passo Moonwalk. Au revoir, Mr. Black and White!

(Breno Airan)

terça-feira, 23 de junho de 2009

Ditadura disfarçada

Por Alana Berto

Segundo os dicionários, democracia é o governo em que o povo tem soberania. Em 1985 o país deu início a um regime democrático, que permanece até os dias de hoje, onde o povo tem o “poder” de escolher presidentes, Senadores, deputados, vereadores e prefeitos, a ordem atual é a liberdade. Poder este que escorre por entre as mãos do povo e só serve diante dos poderosos.


Os artistas podem produzir o que desejarem que não serão censurados, os estudantes pode fazer seus protestos, os políticos da oposição estão livres para fazer suas campanhas, ninguém corre o risco de ser exilado.

Atualmente, não existe mais esquerda ou direita, a maioria dos jovens não se importam com isso. E que venham cada vez mais taturânicos, mensalões e outros escândalos pelo país afora. Vivemos em um país democrático em que a violência perpetua junto à fome.o dinheiro que falta para a população comer, acumula na cueca dos engravatados e aumenta a desigualdade social. As leis são infringidas a todo momento, só os menos favorecidos são presos e a superlotação nas penitenciárias é alarmante enquanto os políticos ricos e poderosos roubam e usufruem do dinheiro público, os ladrões de galinha mofam na cadeia. O poder da população só vai até o dia do voto, quando esse dia acaba o poder se torna inexistente e é a isso que chamam de governo do povo, “democracia”. A conversa é que o socialismo é utópico, pois a democracia também é uma utopia, porque desde de que o mundo existe o poder sempre esteve concentrado nas mãos de poucos e infelizmente isso nunca vai mudar.

As ditaduras e totalitarismos da vida foram só uma forma escancarada de mostrar que o que importa é a opinião de uma minoria e que o Estado serve para controlar os interesses de uma maioria mantendo a “ordem”. Enquanto algumas pessoas morrem nas garras da ditadura, outras morrem nas carícias do governo do povo.

As pessoas têm a elite junto com a mídia controlando seus pensamentos ao lado desta ditadura disfarçada que se utiliza da mídia para produzir pão e circo para a população da pós-modernidade que se acomoda diante de tantas repressões.

O que adianta ter o direito de ir e vir r não poder usá-lo? Que adianta ter educação e saúde de péssima qualidade? Que adianta ter liberdade e trocá-la por libertinagem? Que adianta perder os valores por falta de questionamentos? No fundo a democracia é só uma forma de abafar o sistema, existem governos bons, outros nem tanto, mas além de tudo o que existe é uma absorção de poderes que esmagam uma maioria e segundo consta nos dicionários isso significa ditadura, a sobre posição do poder executivo, poder de uma minoria sobre os demais.

“Eu só quero chocolate”

Por Alana Berto e Mariana Belo

Uma reeducanda do presídio feminino de Alagoas anda torcendo o nariz para o “bandejão” do recinto. É bem verdade que a mistura servida nos refeitórios do local não é lá grande coisa, mas até para aquelas com cela privilegiada, a merenda, ao que parece, está difícil de engolir. Um exemplo das insatisfeitas é a advogada Mary Any Vieira Alves, detida dia 9 de setembro de 2008 pela operação Coroa, deflagrada pela Policia Federal, sob a acusação de ligação com o tráfico de substâncias ilícitas, pagamento de propina e participação em uma organização criminosa, cujo líder, vulgo “Coroa”, foi o substantivo que batizou a operação. Logo quando foi detida a advogada foi encaminhada para o Quartel do Corpo de Bombeiros, no Trapiche da Barra, a ordem foi passada pelos juízes da 17ª vara criminal da capital. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) alegou que o presídio Santa Luzia não estava adaptado para uma cela especial, já que a acusada possui grau de instrução superior.

Regularizada a situação, ela foi transferida de volta para o presídio, onde ficou numa cela improvisada e mesmo assim a acusada impetrou Habeas-corpus por três vezes. Ao longo da sua jornada pelo presídio, a advogada reclamava da alimentação e das condições estruturais de sua cela. No dia 25 de março deste ano, Mary Any declarou que detestava a alimentação do recinto e, pobre reeducanda, só saciava a fome com chocolate. Resultado: chegou a passar mal e precisou de acompanhamento médico. Mais um ponto para o “serviço de quarto” do nosso sistema penitenciário! Diante do ocorrido, uma comissão da OAB foi designada novamente para avaliar se realmente as condições do abrigo estavam no padrão recomendado e constataram que tudo estava dentro das normas.

Mas afinal, O que há de tão ruim no feijão com arroz da Casa de detenção Santa Luzia? Uma advogada certamente acostumada com as regalias da profissão e com as facilidades que a ligação com o tráfico lhe proporcionou: carro importado, banho quente, chocolate suíço de repente se vê encarcerada, contentando-se com a comida e com o acolhimento de sua antiga aliada de profissão: a justiça, aquela que tarda mais não falha, o poder que delega, que diferencia o tratamento dos que tem posses e dos que não têm, daqueles que possui certo grau de conhecimento dos que não possuem. Certamente a nossa “Barbie do judiciário” esperava em sua cela uma TV de tela plana, ar condicionado, frigobar, chuveiro quente e café na cama, junto a uma panela de brigadeiro, claro.

Não, felizmente dessa vez a regra fugiu a exceção e esperamos que ela continue a fugir. Para tristeza da ré, segundo a Declaração Universal dos Direitos Humanos todos têm direitos iguais perante a lei, porém essa conversa de liberdade, igualdade e fraternidade só está no papel. Na realidade, quem vai preso é o ladrão de galinha, o pai de família que roubou para dar comida aos filhos, ou o jovem que roubou por não ter chance alguma de possuir uma formação digna e se tornou o que chamam de delinqüente, conseqüência do comportamento de certos engravatados que dão outros fins ao dinheiro destinado à educação, saúde e segurança, finanças essas que provêm dos altos impostos cobrados a população.

Porém, de uma coisa podemos ter certeza: apesar dos cabelos exageradamente tingidos de loiro e de um nome tão exótico, digno de uma loja de ponta de rua (algo do tipo “Mary Any Modas”), pelo menos nosso “Bibelô do xadrez” possui um gosto musical bastante interessante, em que a música de Tim Maia influenciou suas atitudes. Provavelmente, não será difícil vê-la cantarolando nas dependências do presídio o sucesso do Pai do Soul no Brasil, tudo em alto e bom som: “Chocolate, chocolate, eu só quero chocolate...” Algo de subliminar nisso tudo?

*Protótipo de jornalista e modelo voluntária das criações da exímia estilista arapiraquense, Dona Nenzinha (sua mãe).

**Outro projeto de jornalista, professora, organizadora de chá-de-panela para as amigas, além de construtora de barquinhos de papel nas horas vagas.