sábado, 9 de janeiro de 2010

Providenciando

— Minha namorada tá me traindo. Eu sinto...

— Deixa de paranoia! Ela te ama. Eu sei...

— Grandes merdas! Ela tá muito estranha. Tenho que tomar uma providência.

— É, vamos prum bar e tomamos uma Providência — disse Gabriel, decidido.

— Quê? — perguntou o outro, sem entender. — Sério mesmo. Tenho que tomar uma providência ainda hoje. Vou na casa dela à noite.

— Tô dizendo: se você tomar uma Providência comigo, vai ficar mais tranquilo.

— Que com você! É com ela que eu tenho que tomar a tal providência! Fique fora disso! — reverberou Toinho, descarregando sua raiva e agonia no amigo.

— Ora, você vem desabafar e agora me descarta? Vou tomar a Providência sozinho!

— Como? Que providência?

— A Providência!

— A providência?!

— Pro-vi-dên-cia — silabou Gabriel, p (ou P) da vida. — A cachaça Providência! Não se faça de besta...

— Ué, não sabia que era disso que tu tava falando... Sério, não faça essa cara! Vamos providenciar uma Providência.

— E tua namorada?

— Ela gosta de Tequila — concluiu Toinho.


(Breno Airan)