domingo, 26 de setembro de 2010

Tececendo

Informamos ao nossos leitores que o blog está desatualizado devido a intensa produção dos Trabalhos de Conclusão de Curso de seus membros- TCC.

Em breve estaremos de volta com novos textos!
Turma do Papel a4

sábado, 14 de agosto de 2010

Muito circo e pouco pão

Nesta terça-feira, dia 17 de agosto de 2010, começa o horário eleitoral gratuito obrigatório no Brasil, os eleitores vão ser obrigados a rir à vontade e também de serem enganados à vontade, serão quase três meses de pura babaquice. Circo de graça nas nossas televisões e nas nossas ruas.Acredite, o circo é daqueles bem fuleiros, onde não se faz mágica, se faz truque, se engana pessoas da pior forma.

Não se sabe o que é pior: a poluição sonora, com esses jingles ridículos; a poluição ambiental que esses "homens de bem" deixam nas ruas com seus santinhos do pau oco; ou se a mentira e a bajulação que só acontece durante a eleição porque depois aqueles pobrezinhos que foram abraçados pelos candidatos serão os mesmos esquecidos e lembrados apenas daqui há quatro anos.

Enquanto isso... A população pensa em quem votar e vota no melhorzinho ou naquele que promete mais e nada vai cumprir, se acomoda e vende seu voto por nada. Se for para continuar ruim é melhor não votar em ninguém, é inadmissível como as pessoas se conformam com tão pouco, em vez de procurar sempre o melhor, não o melhorzinho, às vezes o melhor é nenhum.

Como na política do Pão e do Circo, criada pelo antigos romanos, que distribuía comida e diversão para a população insatisfeita,na política brasileira não é diferente, as campanhas eleitorais promovidas no país, têm o objetivo de entreter a população, vale ressaltar que, entreter a população é um objetivo permanente de todo político a única diferença é que não existe o pão. Isso fica evidente quando se liga a TV em qualquer período, só se assiste programas inúteis, só se ouve músicas idiotas e dessa forma as pessoas viram cada vez menos gente e são cada vez mais enganadas enquanto dia após dia a "democracia" vira mais ditadura.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Contra gotas

Ela devia ter uns três anos, morava na casa da avó e estava com sua tia enquanto a mãe estava na labuta, ganhando dinheiro para poder sustentar os mimos da filha. Enfim, criança gosta de brincar de fazer o que não deve, de gozar com a cara dos adultos. Tudo é novo, tudo é engraçado, o perigo não existe. Sua tia concentrada, assistia a um programa de televisão, no momento ela aprendia a fazer uma torta salgada, enquanto a sobrinha aprontava. A criança chegou cambaleando na sala, voz enrolada com sinais de embriaguez:

-Tia eu tow tonta!

-O que foi que você andou aprontando?

- Num sei tia.

-Diga pra tia o que foi que você aprontou.Você colocou alguma coisa na boca?

-Eu só tomei  aquilo ali.


A tia ficou  apavorada quando viu o vidrinho do remédio em gotas vazio e chama a mãe que sai correndo do trabalho e ao ligar para a pediatra é tranquilizada. Ao desligar o telefone ela olha para a filha que dorme igual a um anjo, o sono e o sonho tranquilo de criança.
A mãe alisa os cabelos da filha precoce, que mal nasceu já havia tomado seu primeiro porre. A genitora lembra então do seu tempo de criança, das histórias que sua mãe ainda lembrava como se fosse ontem, quando ela a genitora tinha apenas dois anos de idade  pegou a agulha de tricot de sua avó e enfiou na tomada, a mãe tomou um grande susto, mas a sorte foi que a criança enfiou a parte da agulha que era revestida de plástico.

A mãe vai um pouco mais a frente e lembra do primeiro porre que tomou, ainda adolescente em consequência dessa aventura ela ficou de castigo, além de claro, levar uns tapas da mãe. Agora ela olhava com preocupação para seu bebê que normalmente não dormia muito nem a deixava dormir mas, agora a criança dormia tranquila, sentindo o gosto doce do remédio e de sua embriaguez infantil, pensava ela:  ontem eu era filha, hoje eu sou mãe...

                                                                                                                             (Alana Berto)

terça-feira, 1 de junho de 2010

Aforismomento (11)

Diga não ao aborto! Casamento gay já!

(Breno Airan)

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Aforismomento (10) - Em clima de festa junina

Casamento matuto é assim. Enquanto os noivos vão atrás de comer a "maçã do amor", o padre não larga do pé-de-moleque.

(Mariana Belo)

domingo, 18 de abril de 2010

O céu está caindo

Alana Berto

Nunca fui adepta de nenhuma religião. Concordo com o escritor José Saramago, quando ele diz que "As religiões, todas elas, nunca serviram para aproximar os seres humanos uns dos outros. Pelo contrário. E o catolicismo, neste particular, deu os piores exemplos ao mundo, basta que recordemos as torturas e as fogueiras da inquisição, essa associação criminosa cujos herdeiros ainda não pediram perdão às suas vítimas. Os crimes que desde sempre se cometeram em nome dos deuses são, como se dizia dantes, de bradar ao céu… Mas, como já deveríamos saber, o céu é surdo de nascença."
Assim eu me pergunto será que é de Deus uma instituição que matou tantos homens e mulheres, queimando-os por estes não acreditarem no que esta mesma instituição pregava? Será que o catolicismo é bom por ter compactuado com o assassinato de milhões de judeus? Será que devemos ser católicos porque a igreja omitiu ou até compactuou com torturas na ditadura militar, assim como acreditam ter feito com Cristo? Devemos acreditar numa igreja que prega uma coisa e faz outra? Começando pelo voto de pobreza e a contradição das igrejas ornamentadas de ouro e o luxo sustentado por algumas figuras do clero com a extravagância mostrada em suas batinas.Devemos acreditar em uma fundação que prega o celibato clerical, que vê o sexo como uma coisa feia e mesmo assim usa suas crianças para saciá-los? Acho que não existe ato mais ateu que pregar uma coisa e fazer outra, ou seja, eles mesmos não acreditam e não levam a sério o que pregam. Uma instituição que matou, perseguiu,foi construída pelo poder, pela luxuria, pela avareza, pela gula, pela inveja, pela vaidade, pela preguiça e pela ira. Enquanto aqueles que usam batina agem por detrás dos panos, cheios de autoritarismo e falso-moralismo.

É dessa maneira que paro para refletir sobre o que é entregar crianças nas mãos de seres como esses achando que está se fazendo o bem, achando que perto deles as crianças também vão estar perto de Deus, que por sinal é um Deus muito medíocre, o deles. Pedofilia é crime para todos,pode ser padre ou qualquer outra pessoa, esses homens erraram e têm que pagar pelo erro, espero que a sociedade não fique esperando resposta de Papa nem de instituição alguma, que não rege lei nenhuma, Papa não é lei e o Estado é laico.
É, o império está caindo. Pena que dando lugar a instituições piores. Qualquer dia vamos procurar religiões no supermercado e vamos escolher pelo preço, acho que não preciso nem citar exemplos de picaretagem envolvendo igrejas, a Igreja Universal do Reino de não sei o que lá, é uma delas, entre outras aí que quanto mais dinheiro tem, mais enrola os seus seguidores, a maioria frágeis e sem instrução, para ganhar mais dinheiro.Porque aqui pra nós, uma coisa é certa: falar em Deus dá grana. Que me desculpem os católicos, evangélicos e demais religiosos, felizmente toda regra tem exceção e sei que nesse meio também existe muita gente boa, mas não dá pra engolir tais coisas, não dá pra associar dinheiro e espiritualidade, não dá para ser hipócrita, não dá para acreditar em Deus da forma que vocês acreditam.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Quando sim, quando não

Quando me sinto só quero alguém
Quando tenho alguém desejo ficar só
Quando danço quero parar
Quando paro quero correr
Quando corro quero chegar
Quando tenho pressa, é para alcançar
Quando alcanço quero pegar
Quando leio quero acabar
Quando acabo quero continuar
Se persisto corro e se não corro desisto!
Se durmo quero acordar
Se acordo quero dormir
Se vivo quero viver mais
Se espero faz parte
Se penso é porque existo
Se existo nunca desisto
Se escuto quero cantar
Se canto fico no canto
Quando começo espero acabar.


Alana C.Berto

domingo, 28 de março de 2010

ELES

olham
vêem
crêem
ignoram
sentem
idignam
assistem
imploram
seguem
choram
são
vão
quão
pulsam
ousam
erram
sonham
felizes
seduzem
manipulam
induzem
adoram
completam
padronizam
vazio
tristeza
seres
pessoas
fim
sim
todo
sério
velho
jovem
moda
começo
mundo
avesso
bonito
feio
infeliz
olho
carcaça

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

A amizade

— Puta que pariu! Que vontade de fumar...

— E é um descontrolado, é? Acabasse de fumar um cigarro agora na conveniência.

— É que tenho agonia de ficar muito tempo viajando!

— E daí?

— Daí que tenho que fumar.

— Pra quê?

— Porque eu quero, eu preciso.

— Certo. Vá fumar no banheiro do ônibus, ora.

— Porra, você é um gênio — disse Eduardo, dando-lhe um beijo na testa forçado. Rômulo não gostou muito do carinho. Ele era um pouco machista e sabe-tudo.

— Isso um dia ainda vai te matar! — alertou ele.

— Todos vamos morrer um dia — ironizou Eduardo, com a prepotência de todo fumante ciente de seu calvário. — Fumo porque me faz bem.

— Mas não faz. Você sabe que só um cigarro desses tem mais de quatro mil substâncias que fazem mal à saúde!

— E o que faz bem? Comer alface?!

— Não seja idiota. Você sabe que faz mal de verdade. E muito.

— Não seja idiota. Eu fumo, porque me faz bem; me sinto bem fumando.

— Pois morra... — declarou Rômulo, fingindo estar nem aí pra seu melhor amigo.

— Morrerei quando Deus quiser.

— Que nada. Você tá é acelerando o processo! A cada cigarro que você fuma, é menos 11 minutos que você tem aqui na Terra...

— ... e mais 11 minutos perto do Senhor! — brincou Eduardo, fazendo cara de evangélico pobre.

— Quer saber? Vou continuar a ler meu livro do Bukowski. Por que você não vai até o banheiro logo?!

— Você tem toda a razão. Já tava esquecido com todo esse papo furado...


E foi. Já estava tirando do bolso apertado direito da calça jeans meio grunge uma carteira de Hollywood California, que segundo ele, era o cigarro “no grau” — nem forte, nem fraco. Eduardo pegou seu isqueiro que ganhara da namorada, que inclusive não gostava do fato de ele fumar, mas tinha de aceitar. Por isso dera o tal isqueiro liso cromado pra ele.


O ônibus estava indo para um show de rock. Uma banda que tanto Rômulo quanto Eduardo gostavam muito. Aerosmith. O vocalista já não cantava como antes. “Talvez por causa de toda a coca que ele cheirou”, ria Eduardo, sonhando com o espetáculo. De fato, quando se aspira cocaína, ela passa pelas cordas vocais e as prejudica. Muito. O mesmo acontece com o tabaco. Por isso que quem fuma tem aquela voz marcante.


“Não sei como porra ele tá lendo”, pensou Eduardo, irritado com o fato do amigo não estar nervoso com o show que começaria em pouco mais de cinco horas. “Vou é fumar outro cigarro pra ver se relaxo”. E entrou no banheiro.


Acendeu. Deu o primeiro trago. Seu corpo estremeceu de prazer. Logo a nicotina tomou conta de seu peito e a seguir de seu sangue. Abriu a janelinha pro ar circular. De repente, viu a paisagem lá fora ficar distorcida. Mais e mais. Rodando e rodando, até ficar de cabeça pra baixo. Ele rodou igualmente dentro da pequena cabine.


Seu braço esquerdo estava quebrado. Saiu da cabine, chorando de dor, com o cigarro no bico, pego do chão. “Rômulo!”, pensou. Foi em busca de seu amigo e logo a adrenalina tratou de amainar a dor no braço. Roqueiros de preto, roqueiros de preto, livro do Bukowski, roqueiro de novo, Rômulo. Morto.


Por estar sem o cinto, voou sem destino e quebrou o pescoço no chão, sem chances de adeus. Eduardo, chorando, gritava seu nome. Ele não acordava. Não reclamava mais. Nunca mais ele cantaria a música do filme Armageddon, cujo refrão começa com “I don’t wanna close my eyes”, já que ele fechara seus olhos para sempre. Eduardo pôs a mão em seu bolso, tirou um cigarro numa tremedeira peculiar, acendeu e disse: “Vou fumar mais rapidamente pra te encontrar, meu velho!”.


(Breno Airan)

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Bloco dos retirantes carnavalescos

Era uma sexta-feira, véspera de Carnaval, já passavam das onze da noite, quando descemos daquele ônibus vindo de Maceió, do qual todas as pessoas me eram estranhas. Haviam algumas pessoas começando a curtir o Carnaval que olhavam estranho para aqueles retirantes maceioenses cheios de malas, colchonetes e ventiladores. Não entravam mais carros nem qualquer outro veículo naquelas ladeiras, aquela hora já existiam alguns blocos cantarolando seus frevos junto á poucos foliões, alegres, que começavam a usar suas fantasias. A cena era cômica, ouvimos várias piadas: - e aew gatinhas gostei da fantasia. Subimos ladeira, descemos ladeira, paramos, deixamos as malas no chão no meio das ladeiras, seguimos em frente, erramos o caminho, cansamos, reclamamos. Cada vez que parávamos no meio de uma ladeira vinha um bloco para atrapalhar nosso descanso e fazer com que seguissemos em frente, carregando o peso de todo Carnaval em nossas costas, peso das futuras alegrias, dos quatro dias de folia que seguiriam. Enfim, chegamos ao nosso destino e esse foi um começo de mais um Carnaval, com direito a muitas fantasias e máscaras, a gente nova e feliz, agora o peso não era mais das malas, que a essa altura já haviam sido desfeitas, era da música, da embriaguez, dos foliões e foi essa a primeira visão do Carnaval de 2010, a visão do cansaço tranformado em folia. Onde cada um possuia,suas mascaras, suas fantasias, seus frevos e seus blocos que se transformavam em um só.


Alana Berto

sábado, 9 de janeiro de 2010

Providenciando

— Minha namorada tá me traindo. Eu sinto...

— Deixa de paranoia! Ela te ama. Eu sei...

— Grandes merdas! Ela tá muito estranha. Tenho que tomar uma providência.

— É, vamos prum bar e tomamos uma Providência — disse Gabriel, decidido.

— Quê? — perguntou o outro, sem entender. — Sério mesmo. Tenho que tomar uma providência ainda hoje. Vou na casa dela à noite.

— Tô dizendo: se você tomar uma Providência comigo, vai ficar mais tranquilo.

— Que com você! É com ela que eu tenho que tomar a tal providência! Fique fora disso! — reverberou Toinho, descarregando sua raiva e agonia no amigo.

— Ora, você vem desabafar e agora me descarta? Vou tomar a Providência sozinho!

— Como? Que providência?

— A Providência!

— A providência?!

— Pro-vi-dên-cia — silabou Gabriel, p (ou P) da vida. — A cachaça Providência! Não se faça de besta...

— Ué, não sabia que era disso que tu tava falando... Sério, não faça essa cara! Vamos providenciar uma Providência.

— E tua namorada?

— Ela gosta de Tequila — concluiu Toinho.


(Breno Airan)