segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Promessas entre o céu e a terra

O sol entrava pela janela do quarto do governador, naquela manhã de quarta-feira. Após sentir o calor do sol Otávio Augusto Marinho levantou-se, tomou café, como de costume, pôs um terno e uma gravata. Ao se aproximar da saída de sua casa fez o sinal da cruz e tocou na imagem de Nossa Senhora que ficava ao lado da porta, essa era a devoção do governador.
Otávio Augusto não havia saído da rotina até aquele momento. Ele iria viajar no helicóptero do governo, junto com seu assessor direto, Marco Antônio Vargas e o Secretário estadual de Saúde, Dário Sousa, o destino era o Município de Santanópolis, onde iriam conversar sobre o projeto Viva Bem Legal.
Não passava das 10 horas da manhã quando de repente, a aeronave que sobrevoava pela região de Sorriso Claro, foi tomada por fortes turbulências, o Piloto Giusepe Tenório avisa aos tripulantes: “A neblina está impedindo a visibilidade e o vento está muito forte.”
A mudança de rota foi inevitável. O clima ficou tenso dentro da aeronave; Otávio Augusto Rezava pedindo proteção a Nossa Senhora, a quem ele nutria uma devoção: “Minha Nossa Senhora faça com que cheguemos são e salvos ao nosso destino, caso sobreviva prometo doar metade dos meus ganhos como governador para ajudar na saúde, educação e qualidade de vida do povo. Eu te suplico minha Santa, prometo ainda ajudar aquele pessoal carente da Favela de Barro Fundo, da Grota do Feijão e quanto mais me for possível, eu quero viver, fazer muitas viagens, passar ainda uns bons tempos na capital do país, usufruir da qualidade de vida que todos nós, os políticos desta nação temos direito.
Enquanto isso o Secretário Estadual de Saúde prometia resolver todos os problemas do Hospital Estadual. Já o assessor, Marco Antônio, que nunca se sentiu seguro em andar de avião dizia: “bem que falei que isso não era seguro, eu disse, era melhor ir de carro, eu sonhei ontem à noite que esse helicóptero caia, mas vocês não me ouviram, eu prometo que cobrarei do governador todas as promessas que ele acabou de fazer, caso saia vivo dessa catástrofe.” Depois dessas palavras, todos, como bons católicos que são, deram as mãos e começaram a rezar o Pai Nosso.
O piloto então,procurou manter todos informados e perguntou aos tripulantes se eles preferiam voltar para Felicidade, a capital do Estado ou pousar naquela região:todos optaram por pousar naquele local, uma fazenda localizada em uma região município do Estado vizinho.
Ao descer do helicóptero os tripulantes se deparam com dois trabalhadores rurais, que plantavam batatas no local, um deles gritou: “óia o avião Juvenal! O que será que essa gente que anda de avião quer aqui, será que vieram prender nóis?” Juvenal respondeu, “que nada rapaz deve ser gente poderosa que veio aqui falar com o patrão, será que o povo é famoso? ‘Vamo’ tirar foto ‘homi’ é a primeira vez que vejo um veículo desses que voa pessoalmente, temos que aproveitar.”
Seguido aos acontecimentos, uma comitiva seguia de carro para resgatar os antigos tripulantes e levá-los finalmente para seus destinos: a cidadezinha de Santanópolis, onde os agentes de saúde os aguardavam. surgiram muitos boatos, um jornal local noticiou que o avião que levava o governador do Estado havia caído e estava perdido, a notícia era que não sabia se haveria sobrevivente entre os tripulantes e que uma busca estaria sendo feita pela região. O fato atraiu até a imprensa nacional, que noticiou que destroços do avião haviam sido encontrados.
Por volta das 13 horas o governador e sua comitiva chegavam ao Estádio do município de Santanópolis, onde os aguardavam.
O governador fez seu discurso e promessas em relação a programa Viva Bem Legal- que pretende melhorar a qualidade de vida da população do Estado.
Depois de toda a solenidade concluída, Marco Antônio olha para o governador e pergunta: Otávio Augusto e quanto àquelas promessas, nós vamos cumprir? Deixa pra lá, disse o governador fica só entre nós três e a santa. Tudo certo então, disse Dário Sousa, Já estava preocupado em quanto ia trabalhar e o quanto iria custar ao Estado colocar em ordem todo aquele caos do Hospital Estadual.

(Alana Berto)

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